quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

Pensamento solto

o que há de valor são as idéias...
e mais ainda os ideais.

Oração para 2010


Baco, deus do vinho, evocado pelo canto do bode, faça sua dança de fortuna e prosperidade, embale nossos sonhos, realize nossas metas, estabeleça, senhor da gira, o conspirar do amor e das forças do bem...

evoé 2010!

segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

Engraçado como a gente nem pensa na saúde


Engraçado como a gente nem pensa na saúde. Eu estava em casa, deitado, vendo televisão. Um comercial de final de ano apareceu e não ouvi desejar saúde. Desejou dinheiro, desejou paz, desejou esperança, mas não desejou saúde. Fico imaginando o dinheiro sem saúde, a esperança sem saúde, a paz sem saúde.
E vamos indo pelas ruas desejando. Talvez a vida nos coloque razões para isso. Não fosse o desejo e estaríamos sem rumo, sem poder de decisão sobre o destino. O desejo quando é saudável leva em consideração determinados valores: maturidade, por exemplo.
Uma série de coisas são precisas na vida. Preciso de tudo, quase. Olho para as montanhas e desejo sentir o vento que mesmo sem eu desejar, sopra seus aromas. Sem levar em conta o que é possível ser visto. Somos coisas com sensações.
Giramos pelo universo contando economia, política e religião. Não esquecendo o futebol.
É terra de ninguém. É meia-noite, muita saúde, sempre.
Saúde para poder viver cada momento. Feliz ou infeliz, certo ou errado, sereno ou agitado. Saúde sempre.
É bom te ver. Apareça.
Um grande abraço.

domingo, 27 de dezembro de 2009

O que torna a vida vazia?

O que torna a vida vazia? Há como preencher a solidão ou estar só é estar só e pronto. Hoje no consultório odontológico um senhor me disse que o que de valor havia no mundo era a memória. Sem ela não existiria humanidade. Cães e gatos sonham, pessoas recordam. Acumulam lembranças que resultam em memória.
A memória não me deixa só. Foi em mil novecentos e seis que Ana deixou o velho mundo para viver por mais de oitenta anos no interior do estado, sobrevivendo sem querer. Minha avó paterna me conheceu, eu a conheci. Meu avô, marido de minha avó paterna que me conheceu, eu não conheci.
Guardo um relato narrado por meus parentes – meu avô morreu cedo. Havia brigado com o pai dele, meu bisavô. Há muitos anos isso aconteceu, em mil novecentos e cinqüenta. E quando eu penso nisso tudo dessa forma, um filme é projetado desde o fundo das lembranças o que de fato é memória.
É muito simples: eu liguei a televisão e vi uma moça falando de sua gravidez. Depois, uma outra e uma outra e outra e minha avó foi mais uma. Saiu de Veneza. Deixou para trás séculos de história. As pontes, a Catedral, o Campanário. Aquela praça onde violinos executam uma valsa como fundo musical para o meu primeiro giro de trezentos e sessenta graus, em pleno centro da praça. Napoleão, que namorou Josefina, dizia que era a praça mais linda do mundo. Acredito nele, conheço poucas praças onde sou convidado a dançar e aceito o convite de bom grado.
Muitos saíram de Veneza rumo ao Brasil. Muitos saíram do Egito rumo a Terra Prometida que Adão fez o favor de nos enviar. Tudo começou mesmo foi com Eva partindo o bolo. Metade para mim, outra metade para o homem. O contrário seria o mesmo e vice-e-versa.
Depois, quando tudo é diferente, outras formas deverão ser encontradas. Todos devem trabalhar, todos trabalham. Meninos e meninas, todos. Dia quente, é verão, o amor se propaga com mais vigor em dias quentes. Temperatura ambiente maior. Faz muito calor nessa região do globo terrestre.
E como todo bom companheiro, um vinho branco gelado, um tinto quente, um pedaço de pão na boca, um momento de amor.

sábado, 26 de dezembro de 2009

Braço dado à memória.


Ando com o braço dado à memória e ela tem me mostrado instantâneos do passado. A velha embalagem de lata quadrada de biscoito fino. Lá dentro uma quantidade de fotos. O passado conservado. Acervo. E ela, a memória, tem sido implacável em suas lembranças.

Nas noites do passado o frio era mais frio. Não havia cibernética. Nada disso existia. O governo promovia ações mágicas. Controle de tudo: inflação, natalidade, informação, agencias reguladoras.

Eu, o grande público, me recordo de uma visita presidencial. Em todos os jornais as fotos do grande empenho nacional para erradicar o analfabetismo.

quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

De tanto que muda o tempo....

De tanto que muda o tempo e eu não consigo mais ter razão. Lembro que na casa da minha avó havia um galinho do tempo: medidor de umidade. Variava na cor, apontava um resultado, definia a realidade. O guarda-chuva protege em muito sol ou muita água. Assim indicava o ícone da sabedoria. O saber sobre o tempo. Contemporâneo, tenho essa imagem como uma lembrança de um tempo que parecia estar de acordo com sua freqüência. Frio no inverno, vento no outono, brisa na primavera e quente no verão. O tempo agora não prevê o que costumeiramente era possível. Que roupa usar. Tirar do guarda-roupa o necessário. A dúvida era menor.
mcd!

natal...

eu tenho chaminé no meu ap. tenho meia de feltro vermelha, duas. tenho árvore de natal e pisca. tenho panetone e sei fazer biscoitos amantegados no formato de homem de neve...

escrevo carta para o bom velhinho...

pedido pequeno: paz e saude para todos e um anjo da guarda para mim

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e tem mais, se acontecer noite chuvosa, melhor se aquecer no fogo. lembranças.
pode também acender esperança. iluminar a verdade, gerar o futuro. sorte de acordar no quarto andar, ventar estrelas, infinitamente imaginando. sorte. sorte de molhar as plantas, colher seus frutos e ainda fermentar. mesmo que dificil. continuar.

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Por duas vezes tentei conversar com o bom velhinho. Até procurei me explicar antes. Dizer para ele que eu sabia que ele na verdade é uma criação do refrigerante, que o peso da roupa me incomoda e que, bem, se existe mora em outro lugar. Numa das minhas conversas imaginei que ele, o bom velhinho, poderia um dia receber uma carta de uma menina que desejava um clone. Como era filha única... até que detalha na carta com quem realmente gostaria de se parecer, já que na formação de um clone tudo pode ser melhorado.

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sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

Para Juliana

Tantas vozes.
Tantas ditas.
Tantas falas.
Até onde não há personagens
Há sobras da verdade.

Ouvindo é força do verbo.

Tantas deixas.
Ladainhas.
Tantas conversas. Múltipla.
Do oco escoa o que é humano.
Preenche o deserto com o que é desertor em mim.
O vago e o alheio. O ócio.

O que emana da tua alma é reza.

Ruídos e silêncios para alimentar os deuses.
Respira e é assombro.
Arfa e é plenitude.
Move o universo.

Absorto, absorvo o que de ti emana: palavras.
Do amor o que eu sei é dádiva.
Brilho de amparo.
Aconchego desmedido.
Satisfação.
Cerveja. Chocolate meio-amargo.
Maçã geladinha.
Noite bem dormida.
Amanhecer.
Café da manhã. Almoço e jantar.
E outro sonho sonhar. A primeira vista, amor não é amor.
Grafia digital.
Frias visões.
Quando é assim é paixão.
Que do amor não é nada.
Nem virtudes.
Nem poemas.
Amor de amor vivido é quando tem cheiro.
Paladares. Toques e passeios. Cinema.
Parques e procissões.
Lazeres.
Estar quase alheio. Isso é da paixão.
Estar pleno é do que é feito amor.
Uma dádiva serena. Entardecer.
Deitar no colo.


Mcd!

domingo, 6 de dezembro de 2009

Réquiem à Francisco de Assis.


E deitado sobre o chão da igreja que reconstruiu está Francisco. Chama os amigos e irmãos e repete o gesto de repartir. Assim abençoa o pão e o distribui para que todos se saciem. Pequeno e franzino, abatido pela cegueira e pelas dores que lhe atormentam, ele agradec a pobreza e prega a igualdade entre os homens. Deseja estar nu para que suas vestes cubram os menos favorecidos. Suspira e ainda louva a irmã morte que se aproxima dadivosa para libertá-lo das misérias do corpo que tanto faz sofrer. Pede aos amigos um cântico que supere o sangramento dos estigmas. Um cântico alegre que fale de pássaros e ventos, de água e flores, de manhãs, tardes e noites. Um cântico do irmão sol e da irmã lua. A música da liberdade. Dorme, Francisco, descansa em tua paz.

Tudo verdade

Tudo verdade: fada do dente, gnomo, saci, mula sem cabeça, palhaço, sonic, ben dez, topo gigio, mônica, naruto, bruxa malvada, dragão, grilo falante, super homem, batman, ra tim bum!

Cinema por MCD


"É preciso um mergulho no escuro para entender e apreciar o que é a claridade.
(escuro)
Assim é o cinema.
Um mergulho no escuro.
(foco no apresentador)
Luz,
câmera,
ação!
Quer pipoca?
(vai abrindo cortina)
O cinema é uma invenção francesa. A lente certa, a distância certa e um foco de luz em ambiente escuro. Um teatro de sombras.
E tem sala de espera. E tem chocolate e refrigerante.
(come pipoca)
Diz a lenda que na década de quarenta, meio século depois da invenção do cinema, as meninas do interior fugiam pela janela durante a noite para tentar uma carreira no cinema.
Ser star. O glamour das estrelas de cinema. Um camarim com o nome na porta e aquela gente toda para maquiagem, os grandes espelhos iluminados. Vestir o figurino enquanto decora os últimos trechos da fala e ensaiar o beijo cinematográfico.
E se tudo der certo gravar as mãos na calçada da fama.
E para quem está na platéia é deixar a imaginação correr solta. Dançar com Fred Aster e Ginger Roger, John Travolta, Elvis Presley. Ser e se emocionar com Cinderela, Sherek e Rei Leão. Encontrar as raízes no cinema Nacional com as histórias de um Jeca Tatu. E se apaixonar com Romeu e Julieta...
Não quer mesmo uma pipoca? Já vai começar."

"Agora sou um dançarino. Sair improvisando passos que encantem a todos. Vou sapatear por ai, feito um vagabundo apaixonado pela noite. Rodopiar um poste e sempre olhando pro céu. Brincar com a água da calçada e cantar na chuva uma felicidade tamanha. Esticar a minha mão e sentir o convide da sua para uma dança, uma valsa quem sabe, como a bela e a fera, a xícara e o pires, e sair dançando até não poder mais..."


"Um filme é o resultado de inúmeras imagens. No cinema podemos ver filmes de curta metragem ou de longa metragem. Ou ainda super longas. Podemos também viajar no tempo, como fizemos aqui, e visitar todas as emoções que um ser humano é capaz de criar. Emoções que ficam marcadas para sempre como aquela cena onde um andróide futurista num gesto simbólico liberta uma pomba branca para ilustrar que ele sente inveja de nossa liberdade. No filme ele inveja o fato de que somos humanos e ele o fruto de uma programação.
O cinema eterniza nossas mais caras emoções. Como essa que acabamos de compartilhar através de dança de nossos amigos, nossos parentes, nossos filhos. Emoções de uma infância e juventude que para sempre vamos ver e rever e vamos certamente nos emocionar.
É dessa maneira que o cinema nos torna eternos. É assim que nosso amor de pai, de mãe, de irmão e amigo, de namorada ou namorado fica para sempre nas imagens...
Agora, somos estrelas."