domingo, 11 de abril de 2010
Viagem de trem
Escrevo desde os 12 ou 13. Fazendo as contas e o resultado pode ser zero. Vou insistir e quem sabe o azar me deixe escrevendo até o fim dos dias.
Assim sendo e eu estou certo de ter apreendido alguma coisa. Sobre o escrever, por exemplo, sei que a leitura é irmã da escrita. E serve o contrário. Absolutamente. E percebo que a leitura não se restringe ao alfabeto. A construção do olhar.
São tantas horas da noite e tudo está quieto e calmo. Um silêncio. O chão começa a vibrar. O vento muda de direção e sou despertado pelo sopro. Ele está vindo.
Diminui a velocidade. Está no horário.
Cochilei. Por um breve momento eu cheguei a sonhar. Meu irmão e eu brincando na sala. Alguém aparece e leva meu irmão para a cozinha. Levanto e vou até lá. Empurro a porta e não há mais nada. Apenas uma luz forte desenhando em preto e branco.
Os faróis da locomotiva.
A porta abre. Estou sozinho no vagão. Faça da mochila um travesseiro e do banco uma cama. A viagem vai ser longa. E amanhã tenho que resolver as urgências. Se não descansar fico imprestável.
- Você tem fogo?
- Tenho. Não podemos fumar aqui.
- Não?
- O fósforo. Pode ficar.
- Aonde vai?
- Mudar de vagão. Preciso dormir um pouco.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário